Você pode ter vivido tudo, mas se você não passou perrengues na gringa, talvez seja hora de
levantar acampamento e partir para uma aventura dessas.
Quando me deparei sozinho dentro de um ônibus indo para Porto Alegre e pensando em mil motivos para
desistir de subir no avião de Porto Alegre à São Paulo, eu só queria poder descer e dizer “Chega, quer
saber, minha ansiedade de dias antes da viagem quase me matou, chega de sofrimento”.
Aquele momento eu me vi como a pessoa mais medrosa do mundo. “O que vou fazer lá?, não sei
falar alemão?, e será que todo mundo fala inglês? nem me garanto 100% no inglês, sou uma farsa
Jesus.
Parece que andar de avião pela primeira vez é como se você estivesse optando entre seu corpo e
seu estado mental. Fechar os olhos é sempre a melhor escolha, eu me responsabilizo pelo meu
emocional e a ciência se encarrega da segurança do meu corpo. Logo após a subida tudo parecia
estabilizar, ver as nuvens lá encima, aquele azul sem fim, parecia que estava olhando um filme com
profundidade infinita pela janelinha. Então depois de 40 min, o avião começa abaixar, todo mar azul
de nuvens brancas começam a se transformar em colunas gigantes de nuvens escuras, e clarões para
todo lado. Para as formiguinhas lá embaixo talvez não fosse uma tempestade mas para quem estava
lá encima, com seus 21 anos, com vários sonhos a serem realizados, pronto para realizar mais um,
não era algo normal.
Minha primeira vez trocando reais por euros, esperando em filas e mais filas no aeroporto em
Guarulhos, para que depois de 5 horas de espera, conseguir embarcar em um avião gigante, destino
Frankfurt.
Procurando minha poltrona ví uma senhora alemã , aproximadamente 50 anos, sentada no meu
banco, saliento NO MEU BANCO, NA JANELA. Ao falar com ela começou o primeiro perrengue,
ela falava só alemão. Em inglês eu perguntei para ela se era aquele o lugar dela, quando vi que ela
não entendeu tive que chamar o comissário. Quando ela viu que eu não iria deixar ela ficar sentada,
ela começou a conversar comigo em inglês. Pedindo se eu tinha como deixar ela sentar na janela
porque era a primeira vez dela. Tive que explicar que era também minha primeira viagem de avião e
gostaria de ocupar meu banco – Sou uma pessoa simpática, mas não vem roubar meu banco!
Foram 12 horas olhando pela janela, a escuridão da noite quando estava encima do oceano atlântico,
vendo as montanhas da Espanha pelo amanhecer , olhando o formato das ruas de Paris por cima.
Foi encantador olhar todas as lavouras e áreas cultivadas da França e Alemanha, parecia um xadrez
colorido.
Quando cheguei em Frankfurt, um professor da Instituição Alemã onde eu iria ficar, apareceu com
um patinete alugado cruzando todas aquelas pessoas do aeroporto em uma velocidade imensa.
Quando vi um homem de quase 2 metros utilizando um patinete (naquela época não era muito
comum utilizá-lo como meio de transporte), pensei “em que mundo estou me metendo?”.
Entrei em um caminhão onde tinha escrito o nome da instituição e andamos aproximadamente por
100 km até chegar em Heidelberg, onde iria estudar e trabalhar.
Se aventurar, conhecer algum lugar novo, é sempre desenvolvedor, nós amadurecemos muito. Estar
em um local e cultura que você não tinha contato abre um leque de possibilidades para aprender
sobre ela. Os costumes, a rotina, sempre foram algo que mais me chamou a atenção do que visitar
um lugar famoso. Ter uma rotina de amigos, colegas de trabalho e de curso. O contato e a imersão
na língua e nos costumes. Tudo isso só foi possível porque lá na adolescência, me encantei pelo
inglês. E até hoje ele vem me abrindo portas e possibilidades, assim como o meu trabalho na Speasy.
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